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Craniotomia descompressiva: entenda cirurgia de jovem do Paraná que ficou meses com parte do crânio 'guardada' na barriga

Paranaense sofreu acidente de monociclo e precisou passar pelo procedimento para preservar o cérebro. Neurocirurgiã detalha como funciona a cirurgia. Médica ...

Craniotomia descompressiva: entenda cirurgia de jovem do Paraná que ficou meses com parte do crânio 'guardada' na barriga
Craniotomia descompressiva: entenda cirurgia de jovem do Paraná que ficou meses com parte do crânio 'guardada' na barriga (Foto: Reprodução)

Paranaense sofreu acidente de monociclo e precisou passar pelo procedimento para preservar o cérebro. Neurocirurgiã detalha como funciona a cirurgia. Médica explica lesão sofrida por jovem e retirada de calota 'grudada' na barriga O jovem João Victor da Silva Cristofoli, morador do Paraná que viralizou ao detalhar como ficou meses com parte do crânio "guardada" na barriga, passou por uma cirurgia conhecida como craniotomia descompressiva. Entenda no vídeo acima. O procedimento, segundo a neurocirurgiã Kelly Cristina Bordignon Gomes, tem o objetivo de reduzir a pressão intracraniana de forma imediata, para casos como o de João, que sofreu traumatismo craniano após uma forte batida na cabeça, gerando inchaço do cérebro. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp ✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram Como o conjunto de ossos da cabeça não possui aberturas que permitam que o cérebro inche totalmente, a cirurgia, após avaliação, é feita para a remoção da "calota craniana". Dessa forma, o cérebro passa a ter espaço para comportar o inchaço, evitando danos a áreas importantes. João ficou três meses sem calota craniana; osso da cabeça ficou 'guardado' no abdômen Arquivo pessoal A neurocirurgiã explicou que, após a retirada de parte do crânio, há algumas opções para guardá-la, entre elas, no abdômen. Lá, ela fica protegida de infecções. O procedimento também facilita a reabsorção óssea para quando for recolocado na cabeça. "Ele não fica lá dentro da barriga, em contato com o intestino, enfim, bexiga, mas, sim, na parede abdominal em uma camada subcutânea onde tem pouco de gordura e o osso fica ali. A calota é grande, então não pode ser num lugar que tenha qualquer tensão da pele, não pode ser numa coxa", explicou a médica. A cirurgia também tem indicações para outros traumas, segundo Kelly, como em Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e, mais raramente, em alguns casos de tumores. Leia também: Tragédia: Casal e filho que morreram em acidente estavam indo para encontro da igreja Legislação: entenda crimes e penas para saque de cargas durante socorro de vítimas Inscrições: Deppen abre processo seletivo com 145 vagas com salários de até R$ 9,7 mil Do acidente à recolocação do osso 'guardado' na barriga Jovem viralizou ao contar para seguidores sobre calota craniana 'guardada' na barriga dele João tem 25 anos e é de Toledo, no oeste do Paraná. Ele precisou passar pelo procedimento de craniotomia descompressiva após cair de um monociclo - veículo elétrico que utilizava para trabalhar fazendo entregas. O jovem ficou nove dias em coma. Depois, foi para um quarto e, um mês após o acidente, teve alta hospitalar com parte do crânio no abdômen. Antes de realocar o pedaço do crânio, o paranaense compartilhou nas redes sociais vários vídeos mostrando todo o processo de recuperação. Assista ao vídeo acima. Para a recolocação do osso, o cérebro precisa estar completamente desinchado. O paciente também precisa estar em boas condições de saúde. No caso dele, foram três meses de recuperação até ele poder realocar a parte do crânio. "Foram feitos exames de tomografias computadorizadas para verificar como que o meu cérebro estava se comportando. Quando estava no momento certo, que não é uma regra ser três meses, podem ser seis meses, pode ser que talvez seja em menos [...] foi marcada a cirurgia em que foi tirado do meu abdômen e colocado de volta no meu crânio", explicou o jovem. A médica Kelly explica que na recolocação são usados pequenos parafusos para a fixação do osso novamente no crânio. Ilustração mostra como parte da calota craniana é cortada durante o procedimento Reprodução/artigo científico “Wartime decompressive craniectomy: technique and lessons learned” "É colocado esse osso no local e a gente coloca umas plaquinhas e uns parafusinhos, muito pequenos, de quatro milímetros de profundidade e esses parafuzinhos, junto com as plaquinhas fixam a calota, esse osso que foi retirado ao restante do crânio", explicou a profissional. A médica afirmou ainda que, em geral, o procedimento é satisfatório, mas que em caso de rejeição do osso, é possível fazer o preenchimento do local com prótese. Acolhimento nas redes João conta como foi acidente em que teve calota craniana 'guardada' na barriga Entrevista g1 Ao compartilhar nas redes sociais vários vídeos mostrando todo o processo de recuperação, João percebeu que o ambiente digital pode ser um espaço de acolhimento, inspiração e informação para outras pessoas. "As pessoas estavam torcendo muito pelo meu bem, sempre apoiando e curiosas sobre a cirurgia também. [...] Eu fico feliz de mostrar pras pessoas que, se eu sobrevivi, e, se eu continuei batalhando, eu posso servir como fonte de inspiração para outras pessoas que passaram por algo semelhante." Ele ainda não pode voltar a andar de monociclo por causa das lesões que também sofreu em um dos joelhos, mas garante que não vê a hora de poder retomar os passeios e entregas no veículo. "Meu pai estava comigo, minha mãe me apoiando, então a família é muito importante, os amigos são muito importantes. Eu fiquei muito feliz com tantos amigos me apoiando, me ajudando, torcendo. As reflexões são essas, sobre dar mais valor à vida e entender que ela é única e ela é maravilhosa", refletiu o jovem. João conta que tem encontrado formas de ressignificar a vida e de aproveitar cada instante ao lado de quem realmente importa, como família e amigos. "O aprendizado que eu tive foi de aproveitar mais a vida, correr mais atrás dos meus objetivos, de entender que a vida é uma só e que infelizmente, do dia para a noite, comigo mesmo ou algum colega, amigo, pode não estar mais ali. Então, aprendi a dar valor a cada momento", frisou João. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Leia mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.